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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Incêndios florestais: Para grandes males…


Neste artigo de opinião, aponto as medidas que, na minha perspectiva, enquanto geógrafo, são determinantes para reduzir o número de incêndios florestais e os seus impactos.
Na área da prevenção: Obrigar os proprietários florestais a desenvolverem um projecto de exploração silvícola.
Dotar as ZIF's (zonas de intervenção florestais) de estatutos e meios para desenvolver o trabalho de cooperação com pequenos proprietários de forma a tornar rentáveis as suas explorações.
Promover uma discriminação positiva, tanto por via fiscal como de acesso ao crédito, dos proprietários de florestas, tendo em conta quatro factores: Produção de oxigénio e diminuição de CO2 (dióxido de carbono), manutenção dos recursos hídricos, melhoramento de solos, manutenção da biodiversidade endógena e preservação da paisagem tipicamente portuguesa.
Apoiar na instalação (pode durar 15 anos) do bosque mediterrânico de Garrige e Maquis e apoiar a instalação de sistemas agroflorestais associados ao bosque mediterrânico e todos os produtos, práticas culturais e paisagem.
Criar novas condicionantes às atividades nas florestas na época estival, de forma a diminuir o número de ignições e de incêndios florestais que resultam destas.
Promover a investigação e instalação de mecanismos de detecção de incêndios. O Forest Fire Finder (FFF ou F3), criado em Portugal pela empresa NGNS-Ingenious Solutions, permite uma identificação positiva e precisa não só da posição (coordenadas) do incêndio, mas também produz imagens do mesmo e recolhe dados atmosféricos, fornece pontos de referência para as equipas no terreno e informações das condições climatéricas para a correcta adaptação das técnicas de combate ao incêndio florestal. Segundo os autores do projecto, custa aproximadamente um euro proteger um hectare de floresta.
O princípio de funcionamento do FFF baseia-se na análise química da atmosfera por um sistema de espectrometria óptica.
Na área do combate: Ampliar e melhorar a capacidade dos grupos de intervenção rápida da GNR, de forma a apagar os incêndios na sua fase inicial.
O Estado ser o único fabricante de material de combate a incêndios através das fábricas de armamento militar.
Os meios aéreos de combate a incêndios serem da Força Aérea Portuguesa e, quando se aceita ajuda de outro Estado, apenas quando este for o proprietário dos aviões de combate.
Diminuir o número de voluntários e aumentar o número de profissionais, de forma a aumentar o grau de responsabilidade e preparação envolvendo estes corpos de bombeiros na prevenção durante todo o ano.
Desenvolver cartas de riscos a 1/25000 e apontando mecanismo de prevenção e estratégias de combate aos incêndios, obrigar à sua revisão anual em que se devem envolver todas as forças locais interessadas na problemática.
Preparar as populações para a prevenção e, em caso de incêndio florestal, saber os procedimentos a desenvolver para combater ou facilitar o combate.
Possuir um dispositivo de combate aos incêndios florestais muito mais defensivo, baseado no corte de árvores e arrasto de terras e contra-fogo do que no combate com água.
Proibir que áreas ocupadas com carvalhos ou outras espécies autóctones sejam substituídas por eucaliptos e pinheiro bravo durante 10 anos.
Os mais conservadores poderão achar estas medidas bastante radicais, mas, na minha perspectiva, radical é a morte que ceifa vidas a bombeiros.
É necessário partir de um novo paradigma para um combate eficaz aos incêndios florestais, o qual tem de deixar de ser olhados apenas como um fenómeno físico e passar a ser vistos como um fenómeno social, de modo de vida e organização social, económica e política.
Estas propostas vão no sentido de uma interpretação mais abrangente do fenómeno em todas as suas vertentes, apontando soluções para que este se resuma o mais possível às suas caraterísticas endógenas do Mediterrâneo.

(*) Geógrafo


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