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sábado, 18 de dezembro de 2010

NATAL PORTUGUÊS


No princípio era a festa do Solstício de Inverno. A vitória da luz sobre a mais longa noite do ano.
As trevas dominavam tudo e só a lua era agente de claridade nas noites escuras e sem núvens. Reminiscências desses tempos é, sobretudo nas terras do interior português, a queima dos cepos de árvores adultas que os jovens vão buscar aos campos, em acções que conservam o carácter de rituais de iniciação.
Seriam queimados no largo principal da povoação, junto à igreja onde se reunia toda a comunidade, na noite de 24 de Dezembro.
Conversa-se, petisca-se, bebe-se o vinho novo e a porta da igreja fica aberta, para que o lume aqueça os pezinhos do Menino-Deus dos católicos


RAMALHO ORTIGÃO in "FARPAS"

"Havia o arrastar das cadeiras, o tinir dos copos e dos talheres, o desdobrar dos guardanapos, o fumegar da terrina. Tomava-se o caldo, bebia-se o primeiro copo de vinho, estava-se ombro com ombro, os pés de um lado tocavam nos pés que tinham defronte. Bom aconchego! Belo agasalho! As fisionimias tomavam uma expressão de contentamento, de plenitude.
Que diabo! Exigir mais seria pedir muito. Tudo o que há de mais profundo no coração do homem, o amor, a religião, a pátria, a família, estava tudo aí reunido numa doce paz, não opulenta, mas risonhamente remediada e satisfeita.
Não é tudo?"

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1 Comentários:

Blogger Manuela Curado disse...

Belíssimo texto e fabulosa recriação do nosso PORTUGAL!

Foi com especial prazer que os coloquei neste cantinho.

7:39 da tarde  

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