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domingo, 25 de julho de 2010

HOMBRES (S. PEDRO DE ALVA)












UM DIA A RELEMBRAR!
Acompanhada pelo rio Ceira e sob límpido céu, percorro sinuosa estrada.
A pacata aldeia de Hombres nos espera.
O dia é de festa. Celebra-se o dia da Padroeira.
Rosas de papel colorido, salpicam o verde das árvores e o branco do casario.
O calor, agora é intenso.
Replecta está a capelinha.
Na penumbra assisto e comungo dos rituais litúrgicos.
Rompendo o silêncio, acordes estridentes da luzidia banda amontoada no minúsculo côro suspenso sobre o portal, desvia meus olhos do altar.
Refeita do susto sigo, de novo, os princípios da Santa Madre Igreja.
Já a manhã finda.
Sob um sol impiedoso inicia-se a Procissão.
Seguida de um séquito de santos, segue a Senhora no altar.
Atrás, a banda que mais tarde se sentará no coreto da praça, junto das "fogaças" a leiloar.
Das varandas as tradicionais e vistosas colchas das famílias abastadas que nos vêem do ar.
Lenços de imaculada brancura saiem dos bolsos limpando as testas do suor que não pára de brotar
Abrem-se alas procurando a sombra amiga das velhinhas casas de pedra.
E a Santa percorre a aldeia regressando ao aconchego do lar.

Em casa de familiares serve-se o repasto.
Na mesa o brilhante leitão mais a costumeira chanfana.
Para sobremesa um delicioso folar, feito no forno a lenha.
Vinho da lavra, brôa de milho e uma excelente conversa que se desfia em suave murmúrio.
Uma descida ao Rio Alva, um mergulho e o regressar.

Já o sol vai baixo.
Abrem-se as grandes portadas. Pela frente, recheada quinta. São dezanove horas.
Ao longe, o som sublime de um terço rezado.
Nós...quatro mulheres...em silêncio profundo. Os pés nus na terra e nas mãos os produtos que a viram gerar.

As despedidas.
Carros abarrotados.
E um dia a relembrar!


NelaCurado

12 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Adivinha-se, pelos retratos, um dia quente em Hombres. O que vale é o refrescante Vimieiro, ali ao lado, um caneiro do Alva que gosto de visitar.
Pedro Martins

9:36 da tarde  
Blogger Manuela Curado disse...

A pedido do Ri-Ri e a propósito de um enriquecedor dia passado no campo.

9:31 da manhã  
Blogger RI-RI disse...

Obrigado!
Beijinhos.

1:00 da tarde  
Blogger Manuela Curado disse...

Apesar dos longos silêncios não esqueço os amigos que sempre me acarinharam e respeitaram.
Ficam sempre comigo, no coração.

2:17 da tarde  
Blogger Quito disse...

Nela
Há muito que conheço esta festas de cariz popular. Lembro-me da banda de Tinalhas a descer a aldeia, alegrando o povo, que , à janela, saudava os músicos.
Bonito texto. Nela. Continua a escrever.
Abraço para ti,para o Vasco, e para essa raparigota malandra de sardas vossa neta, a quem tu e o Vasco "estragam" com mimos ...
Abraço

2:36 da tarde  
Blogger cavalinho2 disse...

Oh Nela...olha que o rio que esta la perto de Hombres é o Alva e não o Ceira.
O pessoal de Hombres costuma a vir ate ca baixo ao Alva molhar os pes.
Era de Hombres um amigo dos nossos tempos coimbrinhas. O Ze Carlos Coimbra. Sei que ainda é vivo e morava na altura em Coimbra, na Rua do Brasil ja perto da Ladeira do Seminario. O Mario Oliveira que era da freguesia em frente, Friumes, lembra-se bem da malta de Hombres.

2:39 da tarde  
Blogger Manuela Curado disse...

Oh pá... o Ceira acompanhou-me perto de Coimbra!
O outro onde me banhei sei bem que era o lindo Rio Alva de águas translúcidas.
Ai! ai!... tens que ler mais devagarinho!
Beijoca

2:47 da tarde  
Blogger cavalinho2 disse...

eheheheh
não seria o Mondego ate Penacova, ou foste por Poiares ou pela Ponte de Mucela ate Hombres?

Ou então foram em peregrinação desde Coimbra pela Estrada da Beira.....
De qualquer maneira chegaste a Hombres. Isso foi o mais importante.

2:52 da tarde  
Blogger RI-RI disse...

Hey hombres, entendan-se!
O Quito quer saber em que rio se afundou o comentário!
Éheheheheh!

3:34 da tarde  
Blogger Manuela Curado disse...

Nem sei...
O Vasco guiava e eu delirava com a paisagem.

As minhas raízes são mistas.
Vivia na cidade, mas na minha rua (Rua Y), última do Bairro, em um dos lados, livre de casas e rica de vegetação já servia para os meus piqueniques.
Nas noites quentes de verão era rica em fauna nocturna.
Foi aqui que vi pela primeira vez, corujas, mochos, morcegos e os brilhantes pirilampos que iluminam ainda hoje as minhas mais lindas recordações.
Ficou-me o vício...

1:02 da manhã  
Blogger quito disse...

Nela
Ontem fiz um comentário que simplesmente desapareceu. Conheço bem este tipo de festas. No Juncal, a banda anda a tocar pelas ruas e as pessoas pôem colchas nas janelas. Por tradição, cada habitante dá de almoçar a um músico.
Uma vez, calhei almoçar com o tipo do trombone. Era grande e maciço e com uma enorma barriga. Só ele ocupava dois lugares. Gostei muito do teu texto. Parcebe-se que foi escrito com alma.
Abraço

10:25 da manhã  
Blogger Unknown disse...

Lindo lugar.
Ficaria feliz se alguém me desse uma pista que fosse sobre a Dona Maria Lucilia Brito Neves que morou na rua São Pedro de Alva em Hombres, Coimbra. Esteja ela onde estiver um carinhoso beijo do Tetinho.
Nielson
tinateto@uol.com.br

2:51 da manhã  

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