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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Roteiro dá a conhecer obra de Bissaya Barreto

A Fundação Bissaya Barreto está a preparar um roteiro para dar a conhecer à população de Coimbra e aos turistas o legado patrimonial e social do patrono da instituição.
«Queremos motivar as visitas à Casa-Museu, mas também dar a conhecer a obra de Bissaya Barreto, que as pessoas até sabem quem é, mas desconhecem tudo o que fez», explica Isabel Vale, da fundação, e que assume a função de guia.
Os “Percursos interpretativos – Viagem pela obra de um homem”, percorrem vários pontos da cidade que acabam por ser também um reflexo da história de Coimbra e da forma como evoluiu ao longo do século XX.
O passeio começa na Casa-Museu Bissaya Barreto, junto aos arcos do Jardim Botânico. Apesar de manter a traça original e a função de algumas salas, a transformação em museu exigiu que alguns locais fossem alterados para acolher o espólio do médico. A antiga garagem foi requalificada para receber o Centro de Documentação, e onde antes funcionavam a adega, a sala de guardar lenha e as caldeiras, encontra-se hoje uma zona de arquivo e biblioteca e uma sala multiusos.
Depois, de autocarro, a viagem continua pela Maternidade Bissaya Barreto, inaugurada em 1963, no âmbito do programa de apoio à mulher e à infância que o médico projectou. O complexo de edifícios veio substituir o Ninho dos Pequenitos, que funcionava onde é hoje a Associação Académica de Coimbra e o TAGV. «O sentido estético, tanto no interior como no exterior, é uma das particularidades de todas as obras de Bissaya Barreto», explica Isabel Vale. Os extensos jardins e a arborização, o uso da azulejaria e do ferro forjado são outras das características dos projectos que o médico conduziu, todos com uma forte preocupação social.
A visita prossegue até ao Hospital Pediátrico, que começou como mosteiro e foi depois adaptado para receber o Sanatório de Celas, direccionado para o tratamento de mulheres e crianças com tuberculose. Mais tarde, em 1977, com a erradicação da “peste branca”, adquiriu a função que mantém até hoje. «Antes, o sanatório localizava-se numa área totalmente despovoada. Estes montes estavam vazios e arborizados, era o sítio ideal para o tratamento da tuberculose», continua a responsável. O mesmo aconteceu no actual Hospital dos Covões, inicialmente Hospital Sanatório para homens, inaugurado em 1935, e que em 1973 passou a integrar o Centro Hospitalar de Coimbra.
Devido à ampla obra deixada por Bissaya Barreto, difícil de acompanhar numa só visita, cada percurso terá um guião.
Mas que não pode terminar sem passar pelo Portugal dos Pequenitos. «Bissaya Barreto entendia que a criança devia estar protegida enquanto os pais trabalhavam, mas também estar em contacto com a natureza e aprender, brincando», explica Isabel Vale. Projectado pelo arquitecto Cassiano Branco, o parque reflecte de forma pormenorizada e numa escala reduzida elementos da arquitectura nacional e das antigas colónias, «pequenas lições de leitura que hoje são lições de história e de arquitectura», considera a guia.
As visitas, que contam com o apoio da empresa municipal de turismo, só começam em pleno em 2010, e por marcação para grupos até 16 elementos, mas este ano já está programado outro passeio, a 14 de Novembro.
in Diario Coimbra

3 Comentários:

Blogger Manuela Curado disse...

Em casa sempre ouvi falar com muito respeito do Dr. Bissaia Barreto com quem minha mãe, como enfermeira, muitos anos trabalhou.
Exigente ...muito, mas sempre para benefício de terceiros.
Ela o admirava como profissional e como ser humano caritatativo e respeitador.
Aprendeu com ele a exigência do brio profissional.
Recordo-me de meu pai querer ir a qualquer paródia e ela dizer que não podia por causa do seu trabalho e ele lhe responder.
-Está bem... Drº Bissaia Barreto!

Os tempos seriam maus....mas alguns homens... MUITO BONS.

3:59 da tarde  
Blogger Isabel Melga disse...

Que ideia brilhante esta do Roteiro. É de inteira justiça em sua homenagem e igualmente gratificante para os coimbrinhas verem e apreciarenm a grandeza da vasta obra feita. Tenho acompanhado por várias razões o trabalho que se está a desenvolver neste património que ele nos deixou. Por coincidência trabalhou igualmente com o meu Avô Lopes antes deste ficar definitivamente no Laboratório Coimbra e dizia-nos que o Prof. Bissaya era um homem que não conhecia o sono nem o cansaço. Enqaunto o motoriste o levava de uma para outra localidade é que ele aproveitava para fechar os olhos! Deixou um legado muito rico e valioso em termos humanos sociais e científicos. Independentemente das suas ligações ao antigo regime é inegável que não se pode deixar de registar e admirar o que fez por Coimbra e toda a Zona Centro. Felizmente e ao contrário do que muitas vezes sucede com outros grandes homens, este teve a sorte e nós também, da sua Herança patrimonial continuar a ser bem administrada e desenvolvida por homens capazes e sérios.
Isabel Melga

6:46 da tarde  
Blogger Isabel Melga disse...

Desculpai-me os lapsos "enquanto" e "motorista" nem sei se haverá mais algum, não estou com as minhas lunetas habituias e depois de uma certa idade isto poderá ser embaraçoso....Obrigada Isabel Melga

6:50 da tarde  

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