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terça-feira, 28 de abril de 2009

O QUE HÁ (Alvaro de Campos)

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inuteis -
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas-
Essas e o que falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo imfinitamente o finito,
Porque eu desejo, impossívelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser.
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo,íssimo, íssimo,
CANSAÇO.

NelaCurado

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3 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Cansaço significa que alguma coisa, bem ou mal, foi feita...só os que não fazem nada é que não se cansam...continua a cansar-te, mana....

6:43 da manhã  
Blogger carlos costa freire disse...

Nélinha percebi,mais uma achega para todos sejamos amigos. Como nós deve haver poucos.
Beijocas
Carlos

8:43 da manhã  
Blogger Jottta Leitte disse...

Carlos! Eu tb bem tento...mas parece que nem com poesia...(por enquanto)!?
AC faz parte da minha leitura de "cabeceira"!!!
um beijo para a Nela!
Abraço
De NY
J.Leitao

1:56 da manhã  

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