O QUE HÁ (Alvaro de Campos)
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A sutileza das sensações inuteis -
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas-
Essas e o que falta nelas eternamente;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo imfinitamente o finito,
Porque eu desejo, impossívelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser.
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo,íssimo, íssimo,
CANSAÇO.
NelaCurado
Etiquetas: Poema
3 Comentários:
Cansaço significa que alguma coisa, bem ou mal, foi feita...só os que não fazem nada é que não se cansam...continua a cansar-te, mana....
Nélinha percebi,mais uma achega para todos sejamos amigos. Como nós deve haver poucos.
Beijocas
Carlos
Carlos! Eu tb bem tento...mas parece que nem com poesia...(por enquanto)!?
AC faz parte da minha leitura de "cabeceira"!!!
um beijo para a Nela!
Abraço
De NY
J.Leitao
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