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sábado, 28 de fevereiro de 2009

O MANO VELHO CONTINUA A CRESCER...

Entre mim e o meu irmão Afonso estão dez anos a separar-nos. Ser o mais velho de cinco irmãos não tem grandes vantagens. Na realidade, só vejo uma: o mano velho nunca teve que herdar a roupa dos mais velhos. Fraco privilégio... Pois de resto são só incómodos, o maior dos quais terá sido o de ter que crescer muito antes e mais rapidamente do que todos nós. Lembro-me de me contarem, porque eu teria meses, de uma altura em que, com o meu pai a trabalhar em Lisboa creio, a minha mãe teve um problema de saúde (luxação no ombro, acho) e por via disso o mano velho virou pai e mãe de todos nós. Fê-lo com muita dedicação e saber. Como sempre na sua vida, mostrou o forte carácter que tem em tempos de adversidade. E é essa força interior, essa capacidade de enfrentar os problemas sem se lamentar, que melhor o caracteriza para mim o mano velho. São muitos os exemplos em que um certo Alguém o tem posto regularmente à prova, e ele sempre respondeu com coragem. Mas não gosta de falar desses tempos, desses momentos, nem que se fale deles. Respeito isso, mas deixo a referência. Mas o mano velho tem outra grande característica: adora intelligence games. Os seus olhos brilham quando, por exemplo, numa festa de família, nos coloca um problema para resolver. Daqueles em que é preciso mostrar a capacidade do pensamento lateral, que só se resolvem com inteligência imaginativa. Nunca ninguém aprisionará o mano velho numa lógica qualquer. Ele é o melhor exemplo que conheço de livre pensador e de pensador livre. É difícil (contra)argumentar com ele. Por vezes isso tem um preço, que ele aceita com naturalidade.





Entre mim e o meu irmão Afonso estão dez anos a separar-nos. Somos muito parecidos fisicamente. Para mim isso tem a vantagem de eu saber como serei daqui a dez anos! Mas o tempo tem-se encarregado de fazer encolher esta distância. E recentemente aproximei-me muito dele... Mas para ser um seu clone ainda me falta algo, fundamental, para lá das semelhanças externas: o seu recheio, aquilo que afinal faz do mano velho, o mano velho!

JÓ-JÓ

11 Comentários:

Blogger Manuela Curado disse...

Que prenda maravilhosa deste ao teu irmão no dia do seu aniversário.Decerto, é a que ele mais gostará.
Texto cheio de ternura.
Grata por connosco compartilhares esse tão lindo sentimento.

12:08 da tarde  
Blogger Rui Felicio disse...

O Jo_Jo descreve de uma forma clara a forma de ser do Afonso que eu tão bem conheci e que nos recentes encontros de Coimbra revivi.

Como em toda aquela excepcional familia, o Afonso é senhor de uma inteligência fora do comum que não nos espanta porque se trata de uma caracterisitica genética que pertence a todos os seus membros.

O facto de o Afonso ser o "mano mais velho" apenas lhe trouxe a responsabilidade de ter sido um exemplo para os seus irmãos.

Gostei de ler o Jo_Jo, como sempre.
Gostei mais ainda que o tema desta vez tenha sido o seu irmão que eu pessoalmente sempre admirei.

Rui Felicio

12:10 da tarde  
Blogger Quito disse...

Jó-Jó
Depois de no teu último texto, eu ser deságradavel confrontado com comentários que não me pertenciam retraí-me e fiquei expectante.
Hoje, sinto-me mais seguro e aqui estou de peito aberto para te dizer que é muito agradável ouvir alguém fazer referências tão elogiosas quanto justas a um irmão..
Fica-te bem, muito bem, e já agora não foste tu que num texto que escrevi falavas em dimensão humana?
É o que tu tens grande amigo...
Um abraço

12:26 da tarde  
Blogger Belinha Costa disse...

Muito lindo e, para mim, comovente, o teu texto para o mano velho.
Beijinhos e bom fim de semana.
Mana Belinha

2:12 da tarde  
Blogger Unknown disse...

É realmente uma convicção o caso de diferença de idade entre manos.
Tambem o meu mano vivo, tem uma diferença de 10 anos de mim e com o qual eu aprendi alguma coisa,mas durante pouco tempo. Emigrou cedo para o Brasil, aos 17 anos,e por la fez vida como empresario de sucesso e constitui familia.Com saudades, todos os anos vem a Portugale a Coimbra.
Convivi com ele ate aos meus 7 anos e lembro-me bem, quando às refeições ele sacava as batatas fritas da travessa e papava-as num apice...e eu ficava a ver navios.
Nessa altura eu já tinha a coragem de lhe dizer:- Albino come devagar que parece mal.
Tambem foi ele que me levou a subir a Torre da Universidade numa altura em que havia visitas ao fim de semana. Isto talvez em 1952.
Apesar de passar por debaixo dela centenas de vezes nunca mais subi à Torre.
De certeza que ha muitos cavalinhos que nunca la foram acima.
Um abração ao Afonso e ao Jojo.
Do Alvaro Apache

2:41 da tarde  
Blogger olinda Rafael disse...

E lá está escrito na rocha

REI- o mano mais velho

pois o mais novo,um "caganito", não tinha direito a qualquer inscrição...

Olinda

3:23 da tarde  
Blogger Manuela Curado disse...

Para ti Alvaro, um abraço de ternura.
Sinto nas tuas palávras, alguma mágoa e muita nostalgia...
Tua amiga...sempre.

6:37 da tarde  
Blogger celeste maria disse...

Elogioso e comovente este testemunho de gratidão e reconhecimento de um verdadeiro AMOR FRATERNAL!

Hoje,JóJó,emocionei-me profundamente com a dedicatória que fazes ao Zé Afonso.
Sabes o quanto gosto e admiro a vossa família.

6:45 da tarde  
Blogger Manuela Dias disse...

A linguagem dos afectos toca profundamente o ser e assim fala com todos nós.
Platão dizia que o cérebro era uma miniatura do universo.
É lógico no hemisfério esquerdo,criativo e intuitivo no direito,ele tudo controla.É complexo e maravilhoso.Os egípcios diziam que era como um templo habitado pelos deuses.E o vosso?
Desde miúda que sempre ouvi dizer que estes manos duma excelente família,tinham uma excepcional capacidade intelectual.Que belo!...
Nela Dias

2:11 da manhã  
Blogger Rui Pato disse...

Aqui está a "família", no sentido bonito do termo, e sem conotações sicilianas!
O Afonso é o "mais Velho" desta família , mas desde sempre foi um dos "mais Velhos" dos meninos do Bairro.

8:45 da manhã  
Blogger Isabel disse...

Continuo sem poder comentar

11:34 da manhã  

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