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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

MORTALIDADES ... d'um Bicho Carpinteiro(*).


Melhor que qualquer tratado linguístico, certas expressões populares, são a síntese perfeita e poética de determinados estados de espirito, do corpo, da vida.
Fui um miudo hiperactivo. Hiperactivo hoje, porque na época em que eu o fui, era acusado de ter o “bicho carpinteiro” no corpo!
...quando estava a nascer, jà com a cabeça de fora, pedi à parteira para me deixar ir aos chineses da Praça Velha, num carro de rolamentos, buscar um elixir de "clonagem" composto d'um pacote de banha da cobra, meio kilo de gènes hereditarios, 150g d'A.D.N e 1 litro de H2O …
Mas a parteira não foi no paleio...tà queto... e, dirigiu-se à minha mãe, que là ia puxando, puxando, exclamou arrebitada:

- Oh D.Manuela … - Diga, D. Margarida! ( era o verdadeiro nome da parteira, vivia ali pr'o Casal da Eira ) - não pode escolher, isto aqui não é o sr. Virginio. Leva o que há. É o seu filho.
( Sr. Virginio: mercearia da rua moçambique, que ficava junto da familia Parreiral e da escola de condução do Pedro Pais). Morava no BMC, rua Vasco da Gama, perto do marco do correio…)

O bicho carpinteiro, nasceu na rua de moçambique a 28 de Dezembro de 1947, para viver intensamente e cêdo se apaixonou pela vida.
Quando quer, pensa naquele miudo, adoravel maluco, e tem saudades... nem calculos, nem preconceitos, espontaneo, trabalho no duro, maluqueiras e pé descalço, autentico, unico!
Um caso meus amigos, um caso ...
A historia que se segue, passou-se há muitos anos: 1947-1969, uma aventura humana, um romance ..."O fabuloso destino dum bicho carpinteiro".
Homem de aparencia humilde, oriundo da Quinta da Cheira, comediante na alma, sem talentos particulares, honesto e um pouco mal honesto, gentil e um pouco mau, mais pobre do que rico. Talvez, esta forma de pobreza lhe tenha sido benéfica.
Como qualquer pessoa que uma vez ou outra abre a arca de cãnfora ...(C10H16O) eh pà!!!, e o que encontra são pedaços, mas pedaços vivos, cheios de sabores e de cheiros, o ''bicho carpinteiro'' não foge à regra ...
Em dezembro 2008, um casal amigo do BMC/BNM, lembrou-se do meu aniversario. Na messagem que me enviaram, ao sujeito do historico ENCONTRO e do NOSSO CAVALINHO SELVAGEM, escreviam:
«- oh pà, isto tornou-se um fenómeno digno de estudo sociológico!»; « - vai dando noticias!»
...vai dando noticias … esta injunção "espevitou" o filtro da minha saudade. Desabafei! Uma "bouffée" d'oxigénio!
Foi o trampolim... chegou o momento de renovar laços com as minhas raizes, com a malta da minha meninice . Coimbra a terra do meu coração … um homem chora … como diz o R. Pato e o Quito.
Foi o trampolim .../...

Nota do autor: a narrativa dos factos e reflexões que se vão desenrolar, tem como objetivo primeiro, compartilhar com a malta da minha juventude, pedaços da nossa meninice - malta que me apreciava ou não – mas malta daquele tempo a quem estou ligado com muito afecto. Cresci, vivi com e através deles.

Bem entendido a entrada é livre ...elas, eles, e eu, estamos dispostos, a deixar "entrar" no nosso auditorio virtual, sem pagar, todos os que queiram. Observadores e congêneres são bem vindos.
Mas francamente, como não posso estar à porta para ver quem entra ou não, aconselho alguns a não perderem tempo por aqui… circulem, não há nada para ver … tenho uma ideia: naquele tempo … quando chatiava os meus pais ...a resposta era:
- «oh pa, vai aos gambozinos! » ...também, em função da hora, podem ir aos pirilampos ( zulicus?) do Rui Felicio.
Mas cuidado, as mascaras com o tempo, colam a pele e a hipocrisia acaba por ser de boa fé.
A partir daqui, apertem bem os cintos (...do avião), pois vão haver turbulências...
O Alvarito disse para ser aplicado… façam textos piiiquenos! …. hoje, meus queridos colegas, despeço-me de vocês com um até pr'a semana ...rdv aqui no cavalinho selvagem. Reservem desde jà a vossa cadeira … não havera lugar para toda a gente!
Ciao A+
(*) Carlos Falcao, bicho carpinteiro nascido em coimbra a 28.12.1947.
Ignorante infinito, sem talento particular. Radicado no sul da França. Frequentou o famoso BMC/BNM.

P.S.: à attenção dos ADMN da nossa memoria coletiva. Foi Camões, como vocês o sabem melhor do que eu, que deu à nossa lingua, o aprumo, a graça e a modulação, este mel corrosivo da melancolia, que alguns cavalinhos sabem utilisar com talento … Rui Felicio, Candido Ferreira e mais. Os meus textos vão cheios de erros. Agradeço a actualização ortografica ...um minimo de respeito para a "global community"

Etiquetas:

20 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

É de referir que a Dª Margarida parteira era a mãe do Dr.Rui Moura. Foi parteira de muitos cavalinhos.

11:57 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Oh Carlos conta ai e manda fotos da tua participação na Volta à França em Bicicleta para Veteranos.
Não sabia que ainda te aguentas nessas andanças.
Manda que é para a gente te apoiar.
Nunca me enganaste....ehehehehe

12:03 da tarde  
Blogger Manuela Curado disse...

És sempre benquisto, Carlos Falcão. Cá te espero, ansiosamente, sentada na cadeirinha.
Um abraço

12:18 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

*****
... e não vou apertar o cinto :)))
se cair da cadeira,já não seria a 1ª vez :)))

CHICO

12:21 da tarde  
Blogger Rui Pato disse...

O Falcão escreve mesmo bem... atirou para o Blog um estilo novo, aparentemente desorganizado de contar histórias.Magnífico!

2:29 da tarde  
Blogger Alfredo Moreirinhas disse...

Carlos,
É bom saber que continuas na mesma!
Os anos não passaram por ti.
E até na maneira peculiar de escrever mostras que ainda tens os tais bichos carpinteiros.
Como o Rui Pato diz, vieste trazer ao Blog um novo estilo e, digo eu, agradável de ler.
Dos erros não te importes, nós entendemos e até te digo, que para quem está fora do país há 40 anos, dou-te os meus parabéns.

3:02 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Mas aquela foto foi nalgum carnaval ou o Falcão andava de mini saia.
Como ele era travesso se calhar sacou os saiotes a alguma vizinha.

4:07 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Somos da mesma geração, e de vista pelo menos, devemos ser conhecidos.Gostei muito de ler o texto,pela forma como está apresentado e pelas memórias que fui buscar,
Conheci perfeitamente a D.Margarida.o Rui um pouco mais velho do que eu,era meu colega de troley,quando de manhã eu ia para o Alexandre Herculano e ele para o S.Pedro.Moravam numa casa verde,bonita que lamentei ter dado lugar a um prédio de andares,junto da Quinta Casal da Eira que felizmente,com todo o seu requinte, mantem a traça dos anos vinte,propriedade da família Raposo e que hoje se destina â realização de eventos.
Depois recordei o meu Colégio situado igualmente naquela zona,da D.º Hortemse Morna,cunhada do Professor Franco e que frequentei antes de vir para a Escola do Bairro.
Recordei um poço alí existente,penso que não tinha água,mas eu e a Zeca,com pouco mais altura que o muro circundante, tinhamos que ir espreitar...ver um amontoado de coisa inúteis,que para lá atiravam.
E,eu ia muitas vezes brincar com a Zeca,que morava perto e tinha um jardim,com rosas vermelhas,que me encantavam,pois a cor era para mim um tónioo de vida.
Tenho na minha casa uma roseira trapadeira igual,e quando está florida recuo ho tempo e aceno a uma infância afavel e feliz,como foi a nossa.
Nela Dias

4:43 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Gosto de ler-te Falcão...
Nas entrelinhas leio saudade...
Continua...nós cá estamos para partilhar contigo o companheirismo e a amizade

5:30 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Gostei de ler o texto que cativou a minha atenção e mostra a paixão que tem pela vida e as saudades que sente pelo BMC/BNM.
Já reservei cadeira, apertei o cinto e espero, curiosa, o que vem aí.
Que venha depressa.

5:35 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Que bom a tua "bouffée" de oxigénio!

Transmitiste-nos um renovado ar, também ele cheio de oxigénio... desde o teu nascimento,o teu crescimento e, sobretudo, as emoções e afectos que sentimos nas tuas palavras!

Olha,a loja do sr. Virginio ainda existe! A Fernanda e o...(não me lembro o nome),seus sobrinhos que sempre o ajudaram na loja,são hoje os seus donos.

Ainda lá podes ir comprar mercearia...beber um copo de 5 tostões...???

beijinho

Olinda

6:52 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Carlos:ler os teus textos é rever-te e disso gosto muito.Como te disse por telefone,falámos pela primeira vez já eramos crescidinhos embora nos conhecessemos há já mais tempo.Gostei logo da maneira como saboreavas o encontro com a "malta do nosso bairro",achei-te diferente do comum dos mortais.Continua assim,gosto muito de ti,acredita CARLOS FALCÃO.Um beijo da GINA FAUSTINO

7:01 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

sugiro que vão espreitar o post onde está a fotografia do Pombalinho quando novo

mas não escrevam mais nada

CHICO

8:20 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Não é bichos carpinteiros, é...Como direi...Curiosidade...Fúria de VIVER.
OUSAR! OUSAR!

10:12 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Ate parece que não usaram um fatinho daqueles. Era um fatito todo pinoca para ir passear. E não era nada barato.

10:49 da tarde  
Blogger Ernesto Costa disse...

Perfeito! O texto, a escrita, o modo de contar, a aparente anarquia, o que é dito e o que se infere. A forma e o conteúdo. Falcão, o teu texto foi (é) uma grande lufada de ar fresco, que abana a nossa apatia auto-contemplativa. De outro modo: de um conjunto de partes aparentemente não ligadas, emerge um todo coerente que nos convida ao riso, à desconstrução deste real mediático.

Dele só sai uma coisa: vida.

Espero pelas cenas dos próximos capítulos.

Jó-Jó

10:54 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Ouve, lá, oh Falcão. Agora um àparte. Lá para trás referes-te a teatro na estrada de Baiona/Pamplona. Será a cena passada na casa dos guardas florestais? Lembro-me que estivemos quase a ser recambiados para Portugal, mas não me lembro dos pormenores.Aviva-me lá a memória.

Um abraço

Pombalinho

1:03 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

abibalha abibalha
herois do mar

6:37 da tarde  
Blogger Carlos Falcão disse...

exato!

um grande abraço

9:57 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Exato!

Foi um daqueles psychodramas, que faziam parte da nossa stratégia, dos nosos planos. Refresco-te a memoria, relembrando-te que no contexto daquela época, retroceder caminho não era possivel. Não podiamos falhar. Só tinhamos uma alternativa: avançar!

No que respeita a cena, lembro-me só do que vivi com emoção.

Estava bom tempo...là iamos caminhando pela borda da estrada, do lado direito, no sentido pampelona – bayona, ia-mos olhando para a terra francesa, a 100 ou 200m....a liberdade ali tão perto! Pouco caso fazia-mos do rio que servia de fonteira...quando ...
...quando aparecem dois policias de mota...tu e eu, juntos um ao outro ...pensei:
- éh pà, estamos f..........vem ali a policia!
Havia que improvisar ...era ou morrer ou vencer.
Não havia tempo a perder. Imaginei um "desmaianso": deitei-me ali no meio da estrada. Foi um problema pr'os policias, pois … no meia da estrada... para eles era dois problemas ...
Levar-nos para uma casa florestal, no interior da qual havia uma senhora e um cão...
Não sei com exatitude a razão que levou o coração dos policias – a influencia da senhora ? - a nos deixar, mais tarde, continuar a nossa aventura.
Lembro-me que a senhora foi muito carinhosa e humana. Deu-me agua fresca. Depois de ter "recuperado a minha conciencia" ...não havia tempo a perder...um pouco mais adiante ...fomos ao banho... como já descreveste.

Momentos depois desta cena, chegamos à nossa destinação … nem as silveiras picavam ...

40 anos depois, a nossa viagem continua …
Pombalinho quando sera a nossa proxima aventura?

Salut, aventurier.

falcao

4:30 da manhã  

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