RECORDAÇÕES DA INFÂNCIA
Saudades!Tenho saudades
Desses tempos que lá vão!
Quando à porta do quinteiro
Eu jogava o meu pião;
Quando no campo corria
Cum papagaio na mão.
Oh,que então eram,na terra,
Tudo ventura pra mim!
Meu pai me dava biscoitos,
Minha mãe beijos sem fim;
Minha avó me defumava
De manhã,com alecrim.
Por entre os prados amenos
Como,contente,eu saltei
Com meu chapéu de dois bicos
Que dum papel arranjei,
E em grosso pau a cavalo,
Mais orgulhoso que um rei!
Nos inocentes folguedos
Eu via o tempo voar;
Se um dia vinha um sopapo
Que me obrigava a chorar,
Depois,de mimos coberto,
Eis-me a rir,eis-me a brincar.
Meu pião idolatrado,
Que será feito de ti?
Papagaio da minh'a alma,
Há que tempo te não vi!
Doces biscoitos de outrora,
Quem mos dera agora aqui!
Meigos beijos,inocentes,
Como ainda me lembrais!
Cheirosos defumadores,
Que saudades me inspirais!
Meu lindo chapéu de bicos,
Não me enfeitarás jamais.
(de Faustino Xavier de Novais)Desses tempos que lá vão!
Quando à porta do quinteiro
Eu jogava o meu pião;
Quando no campo corria
Cum papagaio na mão.
Oh,que então eram,na terra,
Tudo ventura pra mim!
Meu pai me dava biscoitos,
Minha mãe beijos sem fim;
Minha avó me defumava
De manhã,com alecrim.
Por entre os prados amenos
Como,contente,eu saltei
Com meu chapéu de dois bicos
Que dum papel arranjei,
E em grosso pau a cavalo,
Mais orgulhoso que um rei!
Nos inocentes folguedos
Eu via o tempo voar;
Se um dia vinha um sopapo
Que me obrigava a chorar,
Depois,de mimos coberto,
Eis-me a rir,eis-me a brincar.
Meu pião idolatrado,
Que será feito de ti?
Papagaio da minh'a alma,
Há que tempo te não vi!
Doces biscoitos de outrora,
Quem mos dera agora aqui!
Meigos beijos,inocentes,
Como ainda me lembrais!
Cheirosos defumadores,
Que saudades me inspirais!
Meu lindo chapéu de bicos,
Não me enfeitarás jamais.
Olinda
Etiquetas: Olinda
2 Comentários:
Olinda, que linda poesia; continua a publicar que a malta agradece....
Fernando Pessoa
Brincava a criança
Brincava a criança
Com um carro de bois.
Sentiu-se brincado
E disse, eu sou dois !
Há um brincar
E há outro a saber,
Um vê-me a brincar
E outro vê-me a ver.
Estou atrás de mim
Mas se volto a cabeça
Não era o que eu qu'ria
A volta só é essa...
O outro menino
Não tem pés nem mãos
Nem é pequenino
Não tem mãe ou irmãos.
E havia comigo
Por trás de onde eu estou,
Mas se volto a cabeça
Já não sei o que sou.
E o tal que eu cá tenho
E sente comigo,
Nem pai, nem padrinho,
Nem corpo ou amigo,
Tem alma cá dentro
'Stá a ver-me sem ver,
E o carro de bois
Começa a parecer.
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