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domingo, 27 de julho de 2008

O FRANCESAME E COMO SE FALAVA FRANCÊS CORRECTAMENTE

Lembram-se que na nossa juventude era preciso ter alguma paciência até conseguirmos o “mão-na-mão”, “a mão no ombro”, etc. etc., com as nossas namoradas. E a coisa ficava por aí! Nada de confianças! Face a esta falta de liberdade das nossas raparigas, havia uma saída muito mais interessante do que outras, então habituais, mas menos atractivas e mais perigosas.
Refiro-me ao “estrangeirame”, em geral, e ao “francesame”, em particular. Por esta altura do ano (Verão), havia, em Coimbra, grupos organizados que se foram especializando em ataques incríveis a estas interessantes raparigas.
Era usual, por exemplo, ir até à Estrada da Beira, a uns cinco ou dez kms de Coimbra, encostar o carro e aguardar que passasse um de matrícula francesa com duas ou três “jeune filles”. Depois, era só segui-las e tentar chegar à conversa.
Voulez vous boire du vin vert?”,Voulez vous écouter le fado ?”,Voulez vous manger du coquillage ?”, e outras perguntas do género. Eu também tinha um Grupo destes formado por mim (um caloiro) e dois ”Catedráticos” na matéria, ambos do Bairro, que eram o Armando Beja Madeira e o Álvaro Correia dos Santos (mais conhecido por Corsan).
Aquilo que fazíamos era de loucos, como prova a fotografia. Eu conto o que se passou. Três jovens Brasileiras (desta vez, por excepção, não eram Francesas!). Fomos visitar o “Rocher de la Nostalgie” (Penedo da Saudade).
Uma delas, com apenas 16 anos, pediu-me para conduzir o meu carro. Deixei! Passado um bocado, ouvimos um grande estrondo. A rapariga tinha-se estampado contra um poste. Não fora o poste, talvez tivesse ido parar ao Calhabé!!! Felizmente, não se feriu. Quem passou um mau bocado fui eu: fiquei sem carro durante bastante tempo!
Quando, há anos, resolvi contar estas coisas aos meus filhos, atiraram-se para o chão a rir e a gozar. Quando, hoje em dia, pergunto à malta nova se atacam o “Francesame” olham para mim como se estivessem a ouvir um anormal. De facto, reparem bem, já não se vê este “filme” há uns anos. Para quê “francesame” se o “portuguesame” (já com liberdade total) é muito mais interessante!
Contudo, apesar desta loucura toda, havia um ponto positivo e de louvar. Falava-se Francês correctamente e passo a dar alguns exemplos, com a respectiva tradução entre parenteses.
«Tu est ici tu es dans l’eau » (Estás aqui, estás na água) ; « Ici c’est l’Avenue Sá et Drapeaux » (Aqui é a Avenida Sá da Bandeira); “Voulez vous un peux de frommage de pendre? » (Queres um bocadinho de queijo de Tomar ?) ; « J’aime toi plus qui aller à la messe” (Gosto mais de ti do que de ir à Missa); “Ranheuse!” (Ranhosa!); “Nous allons dinner à la grand table froid” (Vamos jantar a Mesão Frio) ; « Prennez qui n’est pas un fer rouge » (Agarra que não é nenhum ferro em brasa).

Espero que se tenham rido um bocado!

Albino Reis (BinoZé)

Ah! Ah! Ah! - reacção de ADM

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15 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Este divertido texto do Bino levanta-me uma questão: é sabido que nós passávamos as passas do Algarve para andar de mão dada com as namoradas, etc e tal. Para os beijinhos até tínhamos de fugir do Bairro!

Mas esta é a nossa (masculina) percepção das coisas (agora).

Gostaria de ver por aqui textos de flausinas desnudando as suas emoções de outrora!

Gim

8:42 da tarde  
Blogger Rui Pato disse...

Ganda Bino Zé!
Não podemos esquecer os míticos detentores da cátedra nesta matéria das Relações Internacionais:
O Cruz ("calças") e o Nabais (je m'apele Nabés)
E o papel de consulado que teve a pensão Larbelo e o verdadeiro cônsul que era o Amílcar (Mikinho)
Um abraço

9:14 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Bino Zé,
É exactamente o que dizes, hoje nenhum puto entende o que nós passámos.Vou tentar contar uma das muitas que se passou comigo:
-Estavamos em pleno Agosto, eu sentado, sózinho, no café Aviz. De repente... nem queria a creditar, passa uma francesa de mochila às costas, atrás vem outra, e mais outra e mais outra e outra... bom deviam ser uma 20 ou 30 e com a fominha que tinhamos eram todas boas! O que é que faço à minha vida? Não posso ir sózinho, tenho que arranjar mais malta!
Fui chamar o Carlos Freira (filho da Drª Dora) que morava mesmo ao pé do Aviz. Já eramos dois, vamos chamar o Zé Rupiço que também morava perto, mas isto demorou algum tempo, agora temos que arranjar um gajo que tenha carro, porque as miúdas já deviam estar longe! Procurámos um e outro e acabámos no café Aquário a explicar ao Mikinho e ao Canelas o que se passava só ele nos poderia salvar. É pá vamos atrás das gajas, mas só depois de jantar, que eu gamo as chaves do carro ao meu pai, sem ele dar por elas!
Assim foi, depois de jantar, lá fomos buscar o Cortina GT, à garagem, que era no início da rua dos Combatentes e aí vamos nós, direcção ponte da Portela e aperguntar porta a porta se tinham visto umas miúdas francesas. acabámos por encontrá-las acampadas no areal do Mondego a uns 10 Km da Portela. Deviam ser já umas 10hras da noite. todas a dormir dentro das tendas! Só temos uma hipótese, o Alfredo começa a cantar e a tocar viola, que elas vêm cá fora para ouvir o que se passa! E assim foi, não tardou nada estavam todas fora das tendas no areal. Eu sempre a cantar e o pessoal acendeu uma fogueira, e sentámo-nos todos à volta, e eu sempre a cantar e a tocar...
Uns 15 ou 20 minutos passados, já estavam todos numa marmelada pegada. Era tempo de eu posar a viola e me desenrascar! Bonito! Assim que eu posei a viola, as gajas levantaram-se todas para se ir embora! Ó Alfredo! gritava a malta, não pares, se não, as gajas vão-se embora!!! Lá peguei novamente na viola e lá vão mais uns fados, umas francesadas, tudo o que me lembrava, cantei...
Ainda tentei largar a viola mais uma ou duas vezes mas as miúdas, pareciam que tinham molas, levantavam-se logo. Estive a tocar e a cantar até, talvez, 3 ou 4 da manhã e eu que tinha descoberto as miúdas lerpei que nem um índio.
O Mikinho, o Canelas, o Rupiço e o Carlos tiveram a conta deles para aquele verão.
Ainda hoje me arrependo de não ter ido logo com elas, em vez de pedir auxílio!!!
Alfredo

11:29 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Bom texto com muita piada.

Ainda hei-de escrever um texto sobre o Francesame que "pairava" na Larbelo, e "atacava" Mira e a Piscina Municipal.

O Gabriel "fininho" que morava ao cimo da Rua de Macau, chegou uma noite eufórico à porta do Centro (nosso albergue) e diz para quem estava presente:

Fiz hoje um engate do caraças na piscina a uma francesa.

"Ia a andar no lava-pés à volta da piscina, e à minha frente uma francesa "boa como o milho" deixou caír a touca".

Fui direito a ela e disse:

Vous avez deixê tombé la touche!!!

E a francesa respondeu-me:

oh merci!

E eu nem deixei a gaja respirar e respondi-lhe: de rien de rien.

Durante muito tempo, o Gabriel foi conhecido pelo "de rien".

Gostaria de recordar ao caríssimo Bino, que a "fauna" espanhola também era muito apreciada e "atacada" em Coimbra, e por sinal também "poisava" na Larbelo.

O Carlitos (que era côxo, que será feito dele?) andava sempre munido de bocados de capa religiosamente guardados no bolso, para atacar as espanholas com um "recuerdo dos estudiantes de Coimbra".

Passava a vida na Portagem, à "coca" da chegada das camionetas, e depois corria pela Ferreira Borges a avisar o pessoal.

Bons tempos.

saudações académicas

Tó Ferrão

12:11 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Admiradissimo de aparecerem tantos " avecs " 40 anos depois.
Quando acabarem de contar tantas estorias com espanholas, que eram normais nas Ferias da Pascoa,com as francesas dos 2 CVs e com as Alemãs dos VW,então ca voltarei para contar as minhas com o Branquinho, o Semi Frio,o Barão Cigano e mesmo com o amalukado Carlos Falcão.
O grande Parque de Estacionamento era o Texas Parque já desaparecido ha alguns anos.
O usufruto dos cabareauxs da Boa Bay Ela e dos Galifões ficaram celebres na historia proto-estudantil dos anos 60.
Estorias de encantar...mesmo sem flauta.

12:59 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Boa Bininho!! Só faltou mesmo a do "monsieur de son nez".
Recordo que não eram só os rapazes novos que se aventuravam em multiculturalismos.
O bom do Sr. Fontes, dono do Moçambique (café na Praça da República, assim batizado por ser a capital de Angola)resolveu uma noite tentar a sua sorte com duas Suecas, hospedadas no último piso do prédio. Fosse pelo seu aspecto, pelas maneiras da abordagem ou pelo mau feitio das pequenas, a coisa acabou com chamada da Polícia.
No dia seguinte, questionado pelos clientes sobre a causa de ter passado boa parte da noite na esquadra, o Sr. Fontes apenas retorquiu: "política, Sr. Dr., política!!"

1:04 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Francesame, suecame ou espanholas...
eram realmente o "poiso" da Larbelo!

E na Praça da Republica... Café Moçambique (capital de Angola???)...até fiquei de olhar à banda!!!???
Mas "estórias" do Sr. Fontes eram como as "cerejas"!
- Ó sr Fontes este bife está intragável!!!
- Ó Dotor não diga isso que um seu colega que acabou de sair disse:
- Ó senhor Fontes o bife estava asqueroso!!

Mas, relativamente às suecas, julgo que o episódio teve outro final.

Realmente o Sr subiu as escadas do hoje Solar da Praça, e entrou num quarto alugado às suecas, o que, depois de terem chamado a polícia...o resultado foi 3 meses de "pildra"...e logo ali na Penitenciária.

Quando se questionava a ausência do Sr Fontes no Moçambique, um empregado dizia que tinha ido visitar uns familiares ao Brasil!!?

Nunca o Brasil esteve tão perto da Praça da República!

Regador-Mor

5:56 da manhã  
Blogger Bobbyzé disse...

Và là sejam sinceros, expliquem porque é que nao atacavam o Portuguesame naquela altura!!!!

7:18 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Histórias na Larbelo, mais propriamente no Rochedo, que foi feito, por mim, Amilcar (Mikito,sobrinho do dono da Larbelo), Carlos Freire(Dora), Zé Rupiço, Luis Cabral, Canelas e mais um gajo que andava em Engª de quem não me recordo agora o nome,
tenho histórias no Rochedo, que não lembram ao Diabo!!! Tavez um dia as conte.
Alfredo
Alfredo

7:23 da manhã  
Blogger Rui Pato disse...

Cheguei a ter uma participação "activa" nestes momentos de relações interncionais, pois algumas vezes a "festa" acababa com fados nos Galifões ou nos Cosrsários das Ilhas e... lá ia eu participar nos fados.
Depois dos fados, outros "fados" se seguiam , mas aí, já era para od "embaixadores"... eu metia a viola no saco.

9:35 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Também eu andei no Rochedo, pois era muito amigo do Mikinho. A Larbelo fornecia o material didáctico. Cada pouca vergonha, incluindo junto ao galinheiro! O pior foi quando, um dia, estavamos à espera de um fornecimento de francesame e ... as "jeune filles" tinham todas mais de 50 anos. Bom, em tempos de crise ...

Um grande abraço

Bino

9:52 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Para quem não sabe ou não sabia, esta Larbelo ( com Rochedo) era uma delegação da Larbelo da Portagem, onde se arrumavam os clientes excedentes.
Situava-se ao Cimo da Ladeira do Baptista e apresenta-se hoje, o edificio, em completo estado de degradação à espera do camartelo.
É um belo icone de grande referencia dos iniciaticos. Foi aí que muitos se iniciaram em lides arriscadas.
Isto explica um pouco as duvidas do Bobbyze sobre o Portuguesame.
Ha que relembrar que a legislação à altura, obrigava a casamento caso o elemento do sexo feminino fizesse a respectiva queixa às autoridades.
Como a rapaziada não queria casar....não havia porteguesame à altura. Ficaram celebres e estão ainda no nosso imaginário algumas meninas de Coimbra que eram afrancesadas e tinham desempenhos tão bons ou melhores que as francesinhas.Dispenso-me de as referir, mas a revolução cultural e o Maio de 68 estava já tão perto.

11:01 da manhã  
Blogger Ernesto Costa disse...

Estranho. Não há nenhuma mulher do Bairro a comentar.

Porque será??

Se calhar não sabem línguas ou então conhecem esta música de gingeira... digo eu.

Jó-Jó

(PS.) Para o Alfredo: devias saber que a música provoca um reflexo condicionado em todos os seres vivos, como aconteceu aliás com o cão do Pavlov. Para a próxima leva um gravador a pilhas ... tipo tijolo!

4:25 da tarde  
Blogger Rui Pato disse...

Álvaro:
Essa da influência do Maio de 68 na geração que a viveu cá, nomeadamente nos comportamentos, era um bom tema...
Assim como a reviravolta que foi na mentalidade estudantil a chegada dos primeiros colegas brasileiros à nossa mediaval cidade em 67.

10:38 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

O Rui Pato disse:
..."a chegada dos primeiros colegas brasileiros à nossa mediaval cidade em 67."

Eu diria mais...
O prédio dos tijolos na Adolfo Loureiro foi onde a maioria das "brasucas" ficaram a viver.
E como vinham do Brasil...habituadas às praias de Copacabana e outros paraísos...o "lingerie" era normal do acesso às varandas!!!

"portuga da silva"

1:34 da manhã  

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