Apareceram,
tardios ( 27-06-2008 às 04.30 da madrugada ), dois comentários, que abaixo transcrevo, ao texto publicado no blog em 24-06-2008, sob o titulo “
FERREIRA DA COSTA”.
"Crónica de Angola, Fala Ferreira da Costa!" ... A Rádio, se hoje tem fama, deve-o aos Grandes Homens... que a fizeram!!! Uma saudade este nome. Estive, em 1962, no escritório, em Luanda, onde ele escrevia -para cá-as crónicas. Depois regressou. Para que conste: "por cima da "Versailles". Um abraço a todos (os saudosistas). EUCaro João Ferreira, "perdidos"... estamos agora!!! SOU!!!
Estes comentários, foram subscritos por “
Camilo”, sendo o segundo deles uma
réplica àquilo que o
João José tinha dito a propósito deste texto.
Pensei
se devia dizer alguma coisa a respeito destes inesperados comentários, ou se, pelo contrário, devia remetê-los para o lugar adequado,
ignorando-os.Decidi comentá-los, não pela importância que merecem, mas para que
os nossos filhos que aqui nos leiam possam melhor
perceber a época em que os seus pais viveram.
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Quando escrevi o texto “
Ferreira da Costa” fi-lo , à semelhança de outros, na
perspectiva lúdica de recordar
figuras curiosas que povoaram a nossa vivência e imaginário da adolescência.
Esse Ferreira da Costa de que falei
era um antigo professor do Liceu D. João III de todos nós conhecido. A analogia com o
cronista da Emissora Nacional ficava-se pela
coincidência dos nomes.
Nada mais...Não tive qualquer intenção de avaliar os méritos ou deméritos do cronista porque esse não era o objectivo do escrito.
Mas agora, face aos aludidos comentários,
quero manifestar a minha opinião:
......................
– A
Rádio é um dos veículos do
jornalismo.
– O jornalismo investiga, fundamenta e procura transmitir a
verdade, servindo-se desse e de outros instrumentos como a televisão, os jornais ou até, nos tempos que correm, a internet, para a sua divulgação.
- A sua força social já lhe valeu, por muitos, a designação de
quarto poder.
– Os poderes constituídos sempre cederam à tentação de
condicionamento dos verdadeiros jornalistas.
- È nessa adversidade, que entre eles despontaram
Grandes Homens, esses sim dignos desse nome, que procuraram à custa dos seus interesses pessoais,
fazer prevalecer a liberdade de expressão e a verdade, muitas vezes em conflito com as tais tentativas de condicionamento.
– Quem não se recorda da habilidade e domínio da língua, que no
anterior regime eram exigidas aos jornalistas para fazerem passar as notícias através do crivo do
lápis azul, escrevendo nas entrelinhas aquilo que os censores lhes proibiam?
–
Quem não conhece casos de homens dos jornais que, naquela época, viram as suas vidas e as das suas famílias prejudicadas ou mesmo destroçadas apenas porque escreviam aquilo que o regime não queria?
– Os meios de comunicação têm ainda uma função importante que é a de
disponibilizarem espaços de opinião.
– Em regimes de pluralidade e liberdade de expressão, as
opiniões difundidas quer por jornalistas quer por quem o não é, responsabilizam quem as emite e estão saudavelmente sujeitas ao
contraditório por quem com elas não concorde.
–
E aqui reside a grande diferença entre o actual jornalismo, ainda assim imperfeito, é certo, e as crónicas do tal Ferreira da Costa.
– Posso admitir que ele possa ter sido formal e tecnicamente um jornalista.
– Mas as
crónicas de Angola que diariamente sobre a guerra eram emitidas,
não as possam catalogar de jornalismo. Eram e isso parece inquestionável,
propaganda pura e simples! Haverá quem duvide?
– Também as não podemos catalogar de “
opinião” do cronista Ferreira da Costa por que essa, para o ser, teria de livremente ficar sujeita à concordância, à análise ou ao contraditório público.
–
Bem sabemos todos, e esse “Camilo” também, que o Estado não permitia veleidades dessas. Tais crónicas, se fossem
compiladas em vinil mereciam ser gravadas pela editora discográfica “
A Voz do Dono”.
London here
Rui Felício speakingEtiquetas: Rui Felício